sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A perda de cabelo para mim

Desde o início deste processo sabia que iria perder o cabelo. Até que o dia chegou, fui ao cabeleireiro sozinha e fi-lo. Pensei que seria fácil, mas não foi. No primeiro movimento da máquina não consegui conter-me. Foi uma mistura de sentimentos, raiva, tristeza alguma angústia. Chorei muito até a cabeleireira emocionou-se, foi difícil..era oficial todo este processo. Passei praticamente a minha vida de cabelo comprido e gostava muito. Não é num dia para outro que me iria habituar. Ainda não gosto de me ver assim, não é impedimento para não sair de casa e fazer tudo o que gosto. O cabelo não caiu totalmente mas com ele foram as pestanas e sobrancelhas. Aprendi uns truques de maquilhagem e resolvo o assunto.
O cabelo neste processo é o menos, verdade mas para mim não é assim tão simples. Peruca e lenços, poderia ser uma opção, mas como não gosto procurei outras alternativas. Encontrei uma marca portuguesa HEAD-Ji, que tem uns turbantes muito giros com vários padrões e cores.
Uso também gorros. Sinto-me confortável, protegem-me do frio e sol. Poderei continuar usá-los futuramente quando tiver cabelo.

Vai crescer...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Uma luz ao fundo do túnel

Fiz hoje a primeira ressonância após três meses e meio de tratamento. Tenho-me mantido sempre positiva e a pensar que tudo vai correr bem. O resultado, após 40mnt deitada numa máquina em forma de tubo e que faz um barulho infernal, não poderia ter sido melhor, o tumor regrediu imenso. Foi um momento de felicidade enorme, uma explosão de emoções com direito a lágrimas. 
Sei que ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas é um passo gigante nesta batalha para a minha cura.
É um carregar no botão forward da vida. Acredito que grande parte do meu sucesso é o pensamento positivo, sempre!

EU VOU CONSEGUIR!!!

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Alimentaçao Alcalina

Após o meu diagnóstico uma das minhas preocupações foi o que poderia fazer para além do tratamento.
Questionei a médica. Em termos da alimentação, evitar o café, doces, fritos e mais algumas restrições. Não fiquei totalmente convencida e pesquisei. De entre todas as dietas que existem, entendi que a dieta alcalina era a mais indicada para mim. Equilibra o ph do meu organismo e previne doenças, embora não existam provas científicas de que este método evite uma recidiva.
Na verdade a oncologia é uma área extremamente complexa. Evolui a uma velocidade alucinante. Temos que aprender a protegermo-nos. Esta dieta é um novo conceito de prato. É uma alimentação maioritariamente composta por vegetais (e leguminosas) acompanhadas de azeite (óleo de colza, linhaça ou óleo de côco), alho, ervas e especiarias. A carne e ovos são opcionais.
Bebo chás de ervas e infusões. Tento beber dois litros de água por dia. É importante ter o organismo hidratado.
Faço 5 refeições por dia (pequenas quantidades).

Em resumo, a dieta pode trazer vários benefícios para a saúde:
- Manutenção dos níveis do ph equilibrado;
- Aumento do metabolismo;
- Melhoria da digestão e da flora intestinal e, consequentemente, da absorção dos nutrientes essenciais para o organismo;
- Eliminação das toxinas; e
- Melhoria dos níveis de energia.

O pilar mais importante da saúde é alimentação. Na minha situação os cuidados têm de ser redobrados.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Falar aos meus filhos sobre a doença

Quando entendi contar aos meus filhos, nem sabia por onde começar. A minha maior preocupação foi transmitir-lhes segurança de que tudo vai correr bem. É apenas uma fase. Tudo o que era perfeito continuará a sê-lo mesmo neste imperfeito. Os meus filhos são crianças muitos felizes e cheios de energia, não queria mudar isso. Não entrei em muitas explicações filosóficas. Disse-lhes apenas que a mãe está doente e que o tratamento faz cair o cabelo, mas que vai correr tudo bem. A naturalidade e simplicidade foram as minhas armas. Tive que responder algumas perguntas. Estou a fazer um esforço para que o nosso dia-a-dia não mude muito. A alegria e a confusão de sempre, com tudo o que acarreta uma família com quatro crianças. Os meus filhos continuam a ter uma mãe feliz, e com uma enorme vontade de viver, eles precisam de mim e eu deles.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Um erro de diagnóstico

Primeiro que tudo, acho que vos devo dizer que, embora o meu historial, eu sempre fui uma pessoa saudável, praticava desporto regularmente (e ainda me mantenho o mais activa que o meu corpo e os tratamento me permitem) e tinha (e tenho) uma alimentação cuidada.

No decorrer do ano passado notei algumas alterações no meu peito esquerdo: estava inchado, tinha uma temperatura anormal e estava com uma fibrosa esquisita. Ora sabendo eu da minha história, resolvi marcar uma consulta de imediato para um médico de oncologia num hospital privado que me diagnosticou uma mastite. Achei estranho, questionei-o, pois eu sempre associei mastite à subida do leite, e ele disse-me que, por vezes, a mulher pode apanhar germes no mamilo que resultam em mastites. Regressei a casa com indicação para fazer um anti-inflamatório durante 15 dias, após os quais seria novamente avaliada. Neste processo (e sem melhoras) passaram-se quatro consultas e dois exames médicos e sempre com o mesmo diagnóstico.
Comecei a ficar ainda mais preocupada, porque a situação começou a piorar, estava cada vez mais inchado e começaram a surgir algumas dores, principalmente ao toque. Andei neste impasse durante cerca de quatro meses, o tempo suficiente para agravar qualquer cenário possível.

Descontente, marquei uma nova consulta e, desta vez, na minha ginecologista, que me aconselhou outro médico. E foi aí que os meus maiores receios se vieram a confirmar. Desde o primeiro momento, ficou preocupado e com uma postura completamente diferente do médico anterior. Uma ressonância e biópsia foram cruciais para o diagnóstico final. E, a partir daí foi tudo muito rápido, fui encaminhado para uma médica de oncologia que determinou o caminho a seguir.

Um erro médico pode alterar as hipóteses de sobrevivência numa doença como esta. Uma segunda opinião, no meu caso, foi uma das melhores decisões da minha vida, aquela que me salvou a vida. Sim, é desta forma que eu encaro tudo isto, pois, embora o peso que esta doença tem, a verdade é que de alguma forma, não a aceitei como uma sentença de morte, muito pelo contrário... ela trouxe-me uma nova maneira de viver! Tenho uma vontade enorme de vencer, e acredito nisso vivamente. 

diagnosticar + cancro de mama + oncologia + sinais de alerta para um cancro

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A minha história

Estávamos no ano 2002 quando resolvi trocar a Madeira pela cidade de Lisboa com o objectivo de me formar, mas sempre com a ideia de voltar presente. Quinze anos passaram, ainda não regressei e, neste momento, já tenho cinco fortes âncoras a prenderem-me ao continente: os meus quatro filhos e o pai deles. 
Desde que fui mãe que descobri aquela que, para mim, é a melhor profissão do mundo: sou mãe a tempo inteiro. Os meus dias nunca são iguais e pouco é o tempo que tenho para mim. Entre a escola, as actividades extra-curriculares, as idas ao supermercado, os trabalhos de casa e cozinhar... que é um trabalhão! Contudo, amo de paixão e sou muito feliz. São quatro índios que, por vezes, deixam-me com os cabelos em pé, pois há sempre birras, bolas pelo ar dentro de casa e, em escassos, segundos a casa vira um campo de batalha. Mas os meus dias são sempre animados. 

Tem sido uma vida cheia de amor. Uma vida que, desde o dia dez de Outubro de 2016, tive que reaprender a viver. O nome assusta, o choque é grande, mas as razões para viver são mais fortes do que... o cancro! Desde esta data que a minha vida mudou, os meus hábitos, as minhas rotinas... tudo! É certo que havia um historial familiar que sempre me deixou em alerta, no entanto, nada nos prepara para o momento em que um médico nos diz que temos cancro.

cancro + queda de cabelo + head band + careca + rapar cabelo + doença oncológica +
17.01.2017